Rebentou 2011

e eu peguei manga do pé
sofri um naufrágio
visitei minha vó
aprendi a jogar dominó e tranca
enviei um cartão de natal
não recebi nenhum
comprei um biquini
tomei chuva
me matriculei na academia
corri na esteira por 60 minutos
fui ao cinema
tudo assim, simples,
sem nenhuma etiqueta
sigo com fé
alegria
e algum inconformismo
pra não parar de acreditar que tem solução
o que parece não ter.

o primeiro poema depois da ferrugem

a dança das palavras vazias pelo linólio
as imagens-volúpia
a tentativa de caber na palavra magra
a voz retilínea
a curva melódica
a direção longínqua
a escassez de sentido
a vontade-trovão
o terremoto
o triunfo
o delírio
a paixão
o rímel
o aplauso
o gozo
e riso dentro do peito.

sem título

a vida me ofereceu a borda das saias e me intimou a saltar.
queda livre.
tô viva, depois de 12 anos.
"eu ainda estou viva", mas provei a morte pra entender tudo isso.
palavra da salvação.

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Remexer meus escritos me despertou vontades de estar por aqui novamente.
Mas não só. Muitas coisas tem me despertado os mais diversos sentimentos. E por isso estou dando o ar da minha graça - ou da falta dela.

Meme de meninas

A Léia me meteu nessa, então vamo lá:


- Vida - Púrpura e líquida.

- Cinema - O poderoso chefão - a trilogia.

- Literatura - Crônica da casa assassinada - Lúcio Cardoso

- Viagem - minhas últimas férias, na praia.

- Amor - achei o meu, da vida inteira.

- Sexo - "sexo é integração, não é abuso, nem serviço. o seu corpo, forte e bonito, não é só por isso, pré-requsito pra minha satisfação. sexo é integração. não é abuso". Zélia Duncan.

existir.

Dias e pessoas que passam. Pessoas-correnteza, que passam e levam da gente : o luxo e o lixo nosso.
Eu tão sentimental diante do mundo. "alguém mais sentimental que eu" ?
Eu – tão sem.
Sem aplauso, sem camarim, sem maquiagem.
Eu, que só ilumino e faço barulho – estou silente no escuro. Um corpo inerte que tenta viver e busca – corre, anda e nada em rios que talvez me levem de volta à luz.
Eu, de pires na mão, pedindo que me olhem. Eu que odeio isso.
Eu, como Leontina quero aquele vestido marrom. Tão bonita eu vou ficar nele.
Eu quero e não tenho só querido, tenho também buscado.
Eu, que tenho sempre começado com eu esse texto – eu estou em que lugar?
Qual é o meu lugar?
No tempo e no spaço, qual é o meu lugar?
Até que ponto sou necessária? Sou necessária? Me sinto tão dispensável, porque "qualquer coisa a gente se vira".
Eu – tenho sido querida?
Eu, que tenho me sentido sem luz. Eu. HCG inferior a 2.
Eu com dores de cabeça que não cessam.

Um hino ao amor ou um ano de amor.

Você é a minha realidade deliciosa, com quem eu posso pensar sonhos juntinho.
1 ano de :

riso
amor
paixão
delícias
loucuras
trocas
alquimias
fantasias
lágrima boa
discos
livros
taças
vinhos
lençóis
no more lençóis
incensos
insensatez
sensatez
flores
pétalas
descobertas
chocolates
embriguez
teatro
cinema
febres
e tudo o mais que eu sempre sonhei.

Circo do Sô Léo

Ontem à tarde, um palhaço-artista-mambembe fez um pocket de meia hora no ônibus Terminal Santo Amaro. Ele me fez enxergar poesia no lugar menos atraente do mundo pra mim.
Não, não, ele não passou por dabaixo da catraca, tampouco pediu pra entrar pela porta traeira.
Ele pagou a passagem dele pra trabalhar lindamente pra nós, que estávamos acomodados nos bancos e na rotina sem graça de uma tarde de quinta feira.
Algumas pessoas receberam super bem e claro, havia as empafiosas.
Eu ri e chorei com aquele artista incrível, citando Brecht, Chaplin, e fazendo piafas inteligentes como " a direção geral do nosso circo é do motorista e o bilheteiro é o cobrador" ou "o senhor tem uma energia muito positiva, por acaso trabalha na Eletropaulo?" referindo-se a um senhor com cara de poucos amigos.
Havia também um adolescente, com sei lá, 16, 17 anos sentado e fazendo que não com a cabeça, como quem diz "que merda, que cara idiota" e eu fiquei sinceramente puta da cara e pensando porque é que as pessoas são tão embrutecidas tão cedo na vida.
Não me lembro bem o nível dos problemas que eu tinha nessa idade, mas certamente eu tinha bem menos responsabilidades do que tenho hoje - e consequentemente menos dores de cabeça.
Mas eu me deixei encantar pela poesia que se estabeleceu naquele momento, dentro daquele lugar cinzento.
Por meia hora eu me entreguei ao lúdico, ao fantástico.
Um espetáculo realmente não precisa de nada: só de um artista espetacular.
Não sei qual o nome daquele palhaço, daquele ser humano, mas entrei no site que ele deixou conosco e tive a grata surpresa de descobrir que eles são embuenses, terra da minha amiga-irmã Vanessa.
De tudo, o que ficou pra mim, que também sou artista, é a coragem. É a reinvenção. É acreditar que sim, que é possível. E uma salva de palmas pra mim mesma, que não perdi - e jamais perderei - a capacidade de me encantar, de me comover, de admirar e de tirar o meu chapéu, por mais contas a pagar que eu tenha (como ele mesmo brincou comigo).
Parabéns, parabéns, parabéns!

Vou deixar o site linkado aqui e quem tiver interessado, entre!
Ah: eles entrarão em cartaz no Espaço Alberico Rodrigues, que fica ali na Henrique Schaumann, pertinho da Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, dia 15 de março, às 16h.
Verifiquem a agenda!

http://www.circodosoleo.embu.art.br/

"Valei Nossa Senhora das antas, nos proteja das burradas da vida!"

Folia

Tinha o rímel escorrido pelo rosto enrugado, um borrão preto pierrot a la Cabíria.
uma saia-ventania, que lhe dava um aspecto decadente e diziam dela que era a "velha que não queria receber a idade. vai, idade".
uma sapatilha gasta, furada na sola, vermelho carmim, bem como o batom borrado numa boca mal desenhada e escancarada ao som de "a la la ô, ô ô ô, ô ô ô, MAS QUE CALOOOOOR, OOOOO, OOOOOO... atravessando o deserto do saara, o sol estava quente e queimou a nossa cara..."
Suava correntezas, tinha purpurina grudada no corpo todo - boca, peitos-enormes, pernas, barriga.
Nas mãos um copo plástico com um Martini já quente de tanto chacoalhar e embalar as mais batidas marchinhas.
camabaleava em direção aos trenzinhos animadíssimos de fim de festa, tropeçava em si mesma, na sua tristeza imensa. uma solidão abissal.
vontade-serpentina de se emaranhar nos braços de um qualquer. queria confete.
queria convívio, casa, família, batuque na mesa e não no salão.
no peito um vazio quarta-feira.
cinza-escuro pensamento.
ecos,
calos,
bêbados.
Rasgou a fantasia na terça feira gorda.
Faltou rasgar o verbo e fazer carnaval na vida.

Pérolas

"Delegar é uma ciência".

Conto o crime mas não conto o santo (ou seria o profano, porque convenhamos, né?) porque, afinal, não vou por "fogo na fogueira".

Meme


Meme - Agarre o primeiro livro


"Agarre" o livro + próximo
Procure a quinta frase completa
Coloque a frase no Blog
Não escolher a melhor frase e nem o melhor livro
Utilizar livro que esteja mais próximo
Repassar para seis pessoas e avisá-las do meme

Livro mais próximo: farda, barba y baby doll, de José Gaspar Ferraz de Campos


Frase: "Era muita farda: farda nacionalista, farda desenvolvimentista, farda fascista e até farda socialista."

Quem tem medo do lobo mau?


Qual é o bicho que te rói por dentro?
O meu é o lobo mau, que me aterroriza com seus grandes dentes, suas garras afiadas e me diz a todo momento que vai me pegar.
Meu lobo mau foi criado por mim mesma, pra me defender da minha chapeuzinho vermelho.
A vida foi me dando rasteiras - como em todo mundo - e eu criei esse bicho feio pra comer a chapeuzinho romântica que mora em mim.

Agora quero matá-lo e estou suando para conseguir.

Mas não se matam "cavalos"?

Os "cavalos" trotam.

Reinventando ditados

A inveja é uma LERDA.
Portanto, não atrase sua vida, sai dessa!

11 meses

... de riso, encanto, amor e deslumbramentos.
Enquanto eu estiver viva, quero estar ao lado teu.

Casa, sal, lençol e amor.

Existe uma tendência chata das pessoas que é falar mal de casamento.
Filmes, novelas, conversas de bar, de ônibus e etecétera.
Tá. Todo mundo sabe que nada nessa vida é um mar de rosas e tulipas ou lindas hortênsias.
Mas acredito muito capacidade nossa de reinventar o cotidiano. "um guardanapo colorido dentro do copo na hora do jantar". Coisas pequenas como um bombom trazido do supermercado, ou uma flor apanhada no meio da calçada.
Também acho que não dá pra forçar a barra e fazer um strip tease a cada três dias, porque há que se ter espontaneidade nessa vida - TUDO fica melhor assim, naturalmente.
Lingeries diferentinhas são sempre bem vindas, mas a sensualidade é natural também. Um olhar cheio de vontade pode ser muito mais quente que uma parafernália erótica.
E que fique bem claro: nada contra as parafernálias. Viva todas elas!
Eu acredito no amor. Eu acredito na convivência teto a teto SIM. E nem todos os filmes ou peças ou comentários do planeta vão me fazer mudar de idéia.
Tá. Quem me conhece pode dizer que estou apaixonada e recém casada e que no começo é assim mesmo.
Vão pro inferno, malditos! Eu odeio esse papo de que no começo é assim mesmo, eu não vou me render a essa mesmice porque é isso que acontece com as pessoas: elas sucumbem e puta que pariu, cabe só a elas mudar isso.
Não existe segredo ou fórmula mágica, todo mundo sabe, existe sim uma boa dose de paciência pra gente construir uma história bonita.
Ver o pôr do sol de madrugada (mesmo quando se pode dormir até às tantas) faz cinema em qualquer vidinha mais ou menos.
Um metro quadrado pode ser muito aconchegante quando o outro abre um espacinho pra acomodar as nossas dores. E a gente também acomoda o riso, o pranto, o pesar ou o contentamento alheio, citando Vinícius.
Morte aos pessimistas e tendenciosos e vida longa a quem acredita na felicidade, no amor e na cumplicidade.

Pai, Filho e Espírito Santo: Amém.

Al Pacino é Deus.
Copola é o Demônio.

A trilogia é a Santíssima Trindade.

em tempo:

ser feliz é:

a "casa" despencar e você ter alguém pra segurar com você.



*eu ... você.

saber-me tua.

o cheiro-macho do seu corpo
o teu hálito
a cama emaranhada
[os nossos vestígios]
meus vestidos abraçando um casaco, uma jaqueta
filmes
cigarros
guloseimas (...)
e toda a delícia di-vi-ver com você.

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara." Saramago.

mais do que não ver: é não enxergar. ou é o contrário?
e falando em contrários, quem é mais cego? quem enxerga ou quem não enxerga?
a metáfora da cegueira está na nossa cara. você vê?
ela está propositalmente escondida ou está na minha cara mas eu estou viciada em uma análise simplista demais e não sou capaz de perceber?
perceber aliás, é um excelente verbo.
perceber é melhor que ver ou enxergar. o cego percebe.
e o não-cego? será que não se acomoda por ter seu sentido-primeiro intacto e olha raso pra todo o resto?
se eu vejo, se eu enxergo, eu vou além da mera aparência?
e seu eu não vejo? bom, se eu não vejo eu preciso perceber. o que eu percebo de olhos fechados?
eu percebo cheiros, ruídos, tateio, lambo.
crio a partir daí uma imagem particular.
que, se eu parar pra pensar, é a imagem que eu deveria ter de cada um.
mas eu pré-julgo diante do que vejo (e mais do que isso: eu pré-julgo diante do que não percebo).
portanto, eu volto a perguntar: quando enxergo mais? com visão ou sem visão?
qual visão é limitada?
se eu fechar o círculo (aliás, não. círculos são infinitos) se eu resumir o filme em uma opinião, uma só, eu não vou parecer um cavalinho de cabresto?
e se eu tiver vários pontos de vista? não é ela, a vista, que é questionada o tempo todo?

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