Circo do Sô Léo

Ontem à tarde, um palhaço-artista-mambembe fez um pocket de meia hora no ônibus Terminal Santo Amaro. Ele me fez enxergar poesia no lugar menos atraente do mundo pra mim.
Não, não, ele não passou por dabaixo da catraca, tampouco pediu pra entrar pela porta traeira.
Ele pagou a passagem dele pra trabalhar lindamente pra nós, que estávamos acomodados nos bancos e na rotina sem graça de uma tarde de quinta feira.
Algumas pessoas receberam super bem e claro, havia as empafiosas.
Eu ri e chorei com aquele artista incrível, citando Brecht, Chaplin, e fazendo piafas inteligentes como " a direção geral do nosso circo é do motorista e o bilheteiro é o cobrador" ou "o senhor tem uma energia muito positiva, por acaso trabalha na Eletropaulo?" referindo-se a um senhor com cara de poucos amigos.
Havia também um adolescente, com sei lá, 16, 17 anos sentado e fazendo que não com a cabeça, como quem diz "que merda, que cara idiota" e eu fiquei sinceramente puta da cara e pensando porque é que as pessoas são tão embrutecidas tão cedo na vida.
Não me lembro bem o nível dos problemas que eu tinha nessa idade, mas certamente eu tinha bem menos responsabilidades do que tenho hoje - e consequentemente menos dores de cabeça.
Mas eu me deixei encantar pela poesia que se estabeleceu naquele momento, dentro daquele lugar cinzento.
Por meia hora eu me entreguei ao lúdico, ao fantástico.
Um espetáculo realmente não precisa de nada: só de um artista espetacular.
Não sei qual o nome daquele palhaço, daquele ser humano, mas entrei no site que ele deixou conosco e tive a grata surpresa de descobrir que eles são embuenses, terra da minha amiga-irmã Vanessa.
De tudo, o que ficou pra mim, que também sou artista, é a coragem. É a reinvenção. É acreditar que sim, que é possível. E uma salva de palmas pra mim mesma, que não perdi - e jamais perderei - a capacidade de me encantar, de me comover, de admirar e de tirar o meu chapéu, por mais contas a pagar que eu tenha (como ele mesmo brincou comigo).
Parabéns, parabéns, parabéns!

Vou deixar o site linkado aqui e quem tiver interessado, entre!
Ah: eles entrarão em cartaz no Espaço Alberico Rodrigues, que fica ali na Henrique Schaumann, pertinho da Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, dia 15 de março, às 16h.
Verifiquem a agenda!

http://www.circodosoleo.embu.art.br/

"Valei Nossa Senhora das antas, nos proteja das burradas da vida!"

5 comentários:

Vanessa disse...

é..esse meninos tem um capacidade para o lúdico e para o belo que para muitos de nós, nisso eu me incluo, soa como ingenuidade...vai ver é isso que falta no mundo,um pouco da leveza e ingenuidade do Clown, vai ver falta mesmo acreditar mais num mundo mais bonito.
Fico feliz pelo trabalho da suada, mambeme e cambaleante cia. idealizada pelo meu amigo de infância 'TAK' estar dando frutos e fazendo alguém sorrir nessa cidade cinza. Vou falar pra ele, aliás espero q vc apareça lá pra me visitar e fale pessoalmente!
beijo,
te amo.

Carol Marques disse...

Tive um sensação parecida ontem com um vendedor de balas da Marabalas ou da Casa Balinhas. Muita criatividade para ganhar o pão e alguns sorrisos dos menos mal humorados do busão!

Palmas! Muitas palmas também para os artistas da vida!

Unknown disse...

De acordo com os mestres sufis : "só se pode exergar a beleza do mundo se a possuis dentro de ti." é por isso que o menino de 17 anos é "bruto". ele ainda não sabe das belezas..

LINDA! um viva pra suas crÔnicas!
beijos

LC disse...

Fiquei lendo e vendo o TAK antes mesmo de saber que era a turma dele MESMO e no comentário da Van tive a certeza É O TAK.
Fico feliz que ainda há quem tenha essa atitude pela arte, já que para pedir esmola não falta coragem, e esses nos dão arte e sorrisos.
bjim

Tom Coyot disse...

é o tipo de pessoa que só ri sacanagens
das coisas forçadas
Em breve veremos o fim deste tipo de humor babaca
não da pra esperar muito de um adolescente.

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