Tempos modernos medonhos.

Não sei se chamo de murro em ponta de faca.
O fato é que mais uma vez eu dancei sozinha no meio do salão, a valsa me embalou no lugar do parceiro e pela porta de entrada chegava o frio.
A vida me faz provar o salgado, o insosso e o amargo, minha língua amarra, meu corpo todo parece rijo demais, tenso demais, mas é só assim que consigo me proteger do vento insuportável que, caso contrário, me jogaria longe.
Mas eu finco os pés, me contraio, (contrario o mundo) e me salvo do jeito que dá.
Mas quando eu finco os pés, estes, me sinto um verso de Baleiro, dizendo "como quem constrói estradas e não anda".
Patino no frio, sinto falta do sol, mas decidi não esperar por ele e rabiscá-lo, do jeito que der, mesmo sendo inábil para desenhos.
Estou escrevendo a esmo, sem saber exatamente qual é o fio da meada, mas eu sempre busquei demais por ele, tento me desprender vezenquando, eu, que nem as valises com as iniciais tenho.
Lulu diz de gente fina elegante e sincera, com habiliade pra dizer mais sim do que não.
Eu digo que isso quase não existe mais e que o não é o som que reverbera pelos cantos, todos.
Difícil ver alguém abrindo janelas, portas, elas olham pelo buraco da fechadura todo o tempo e não entram.
Elas contemplam.
Elas não se deixam levar, elas levam a gente no bico e largam no meio do caminho, e aí eu, no meio de gentes outras tantas gentes me sinto esmagada por um trator veloz, vermelho e gigantesco.
Fico absorta.
Espantada, penso que a vida vai, escorre pelas mãos e eu me pergunto: eu tenho ido com ela?

4 comentários:

Vanessa disse...

é, todos olham pelas frestas, pelos buracos e todos estão na mais completa solidão, com seus mosntros, com seus medos...o mundo realmente está ao contrário e ninguém se dá conta, ninguém repara..ainda bem que já reparamos, temos chances de alguma felicidade ainda amiga...
bjo

LC disse...

incrivel como existe gente nesse mundo olhando pelos buracos e nunca abrindo caminhos... Pior ainda é olhar pra dentro e se dar conta de ter feito isso em muitos momentos. Lendo isso me dei conta de quantas vezes fiquei olhando pelas frestas e só via uma parte da realidade, a parte que via nao me agradava e por não abrir a porta não vi que o restante era maravilho, praticamente tudo que eu queria...

Leandro Ravaglia disse...

Acho que não devemos nos agarrar à vida assim. Deixe ela ir, fia.

Como você curte citações de música, "tudo o que você guarda pertence ao tempo. Só é seu aquilo que você dá".

Curti aqui. Bjos

Unknown disse...

pois é, enquanto houver fechaduras, haverá buracos e por conseqüência atitudes e pensamentos mesquinhos...
nesses tempos modernos de ilusão, prefiro desfincar os pés e parafrasear paulinho da viola: não sou quem me navega, quem me navega é o mar...força, moça! bjos

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