Em nome do pai, da mãe e da filha.

Saudade do cheiro do café da minha mãe.
Do rádio ligado desde às seis da manhã na rádio clube.
Do suco de laranja espremido, feito por ela, a minha mãe.
Saudade da revoada de pássaros anunciando o dia.
Saudade da quietude da rua Belo Horizonte.
Do apito do sorveteiro.
Do pão feito em casa. Da cerveja oferecida pelo meu pai assim que piso em casa, chegando de viagem.
Do meu pai.
Do queijo minas.
Da coxinha do Italiano.
Do limoeiro. Da caipirinha.
De estar de volta ao lar.
Dos meus discos de vinil, todos lá, denunciando uma infância cheia de som.
Dos almoços de domingo, ruidosos, abafados, sarristas.
De dormir até mais tarde e ser acordada.
De não precisar de despertador porque estou sozinha.
Da minha mãe.
Do cheiro da usina Santa Lúcia.
Dos barrancos de terra vermelha.
Da minha avó, que se foi há muito.
De gritar no alto da colina esperando o eco.
Do frescor da criança.
.
.
.
.
.

Será que nostalgia é coisa de gente que tá envelhecendo?
Uma coisa meio trintona? (e eu nem tenho trinta ainda).
Ou é só saudade, coisa de gente mesmo?
Por melhor que seja o presente (e ele é mesmo muito bom), vezenquando me dá saudade de ser só a filha do Paulo e da Noêmia.

2 comentários:

Gisalina disse...

que lindo, flor.
acho que saudade é coisa de gente que não sabe partir sem doer.

Irina disse...

Lã... os artistas são nostálgicos mesmo.
Têm saudade até do que aconteceu no dia anterior.

=c)



Muahhhh!

Seguidores