Da crueldade.

J. era gorda, feia, mal amada e infeliz. Mas tinha em suas mãos um vestido. Lindo.
Ela o possuía momentaneamente, mas percebera em meus olhos a paixão e pior: viu em meu corpo o caimento do vestido: ele havia sido feito pra mim.
J., que nunca detém nada em suas mãos por falta de competência e sensibilidade, naquele dia percebeu que ME tinha nas mãos por causa de um vestido. E então utilizou-se de sua arma mais poderosa: a crueldade.
Aproximei-me dela para pedir o meu então objeto de desejo e ainda ofereci pagamento in cash, na hora. Eu estava comprando o meu sonho momentâneo.
J. - É talvez eu fique com ele, porque assim que o vi pensei que o queria pra mim.
E. - Então tudo bem, mas por favor, me empreste por uns dias para que eu possa levar para a costureira, a fim de que ela faça um exatamente igual".
J. - Experimentarei hoje à noite e amanhã o trarei para você.
E. - Mas você pode experimentá-lo agora, não?
J. - Não, não. É melhor eu prová-lo em casa, com calma.
E. - Ok, mas por favor, me traga amanhã.
J. - Com certeza, fique tranqüila.

No dia seguinte, deixo um recado para ela:
"Não esquece o vestido hoje, tá?"

Resposta:
"Não tive tempo de prová-lo, portanto, não estou levando".

No mesmo instante, lembrei-me de Felicidade Clandestina :(http://www.beatrix.pro.br/literatura/feliclandconto.htm)

E pensei que se a crueldade tem um requinte, ele se estabeleceu naquele dia.

1 comentários:

Irina disse...

eu fiquei muito mal com essa estória... pensei antes disso, puxa vida a Clarice tinha uma imaginação, não devem existir pessoas assim. e não é que existem?
é o fim da picada mesmo. sabe? quando o mosquito vai embora?

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