No ponto

(um texto antigo)

Esperava há muito o ônibus naquele ponto da ruazinha de pássaros miúdos e muito afinadinhos, ó sim.
Batia devagar os dedinhos na franciscana, como que acompanhando o som dos bicudinhos, muito bem apanhada dentro de suas vestes florais e muito bem envolvida pelo cheiro capim que então pairava.
E o rapazinho que subia a ladeira tortuosa, dentro de umas vestes xadrezinhas, deu com os olhos na anágua debaixo do vestido quase transparente, assim, muito sem graça, como este trocadilho que a autora acaba de fazer. Dentro de suas vestes xadrez, um tanto estranho usando um bigode muito assim, escrotinho, (peloamordedeus), pensou - ave maria ave maria, que bom peixe, que pedaçinho de terra fértil, que coisa mais graciosa, que cheiro bom de ambrosia, que coisa, que coisa. Que. No ponto.
Ela lhe sorriu com os olhos-esperança e balançou levinho o corpo magro, num esforço admirável para não dar, vejamos, pulinhos alvoroçados.
Um tanto quanto esperto apesar do aspecto bem bocó, ele tratou de apertar passo e chegando em casa, apanhou seu perú de estimação e saiu com a ave amarrada por um fio comprido de barbante. Caminhava muito sorridente a caminho da pequena, acenando para todos os conhecidos, muito mais simpático do que o costume, já que estava muito entusiasmado, eufórico e confiante no seu taco, como diríamos nestes tempos doentes de hoje.
Ele dobrou a esquina com a marcha nupcial retumbante na idéia.
Ela, a das franciscanas, já não estava no ponto. Ela já não era. Um dos passarinhos miúdos foi parando de cantar. Devagarinho. E voou.
No chão, no ponto, ficou um cheiro bom de bouquet.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bem escrito...pena ser um texto antigo...preguiça ou falta de tempo para escrever???hehe
Beijos Mil
Pri

Isma disse...

Ai ai... Que lindinho Flor...

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