Pasárgada, 01 de setembro de um ano qualquer de nossas vidas,
Querido desavisado,
Antes de começar a missiva, digo-lhe: estou em pleno inferno astral.
Uma sensação gigantesca de abandono e solidão. E uma carência infernal, de doer muito o meio do peito.
Chego quase os 27, com uma sensação de 'para onde mesmo estou indo'?
Ah sim, rumo aos sonhos todos, rumo a uma infinidade de canções que pairam e nos fazem dançar, levitar, entorpecer.
Rumo a uma cerejeira em frente a uma janela. Que eu possa abrir meus olhos na madrugada quente e sentir a alma cheia de flores.
Mas não é bem isso que eu vim avisar.
Venho dizer-te algo que está me fazendo engasgar estes dias todos.
Venho dizer-te, ou melhor, venho avisar-te que se um dia José, se um dia você esbarrar com alguém que te cante regras,
que te diga como,
que rejeite a espontaneidade que te é, que te cabe, que te preenche,
que te dê cartilhas, manuais e te jogue fórmulas:
Fuja.
Saia correndo, por mais encantador que seja o ficar.
Porque mais encantador ainda, é agir sem pensar,
é deixar o amor chegar, sem bloqueios,
é se deixar inflamar,
e se pegar encharcado de chão,
de terra,
e de flores. E de música.
Eu estou avisando José, porque a mim ninguém avisou.
Aliás, acho que uma pessoa avisou, sim.
Mas eu já estava tomada de som.
E de teimosia.
E de marés.
Post scriptum: E setembro chegou.
Carta aos desavisados
Postado por A Libélula
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Graças a deus, setembro chegou. E com ele vem a primavera que limpa o cinza escuro do céu, lembra? Não tarda, não, fica tranqüila.
oi flor!
tudo vai mudar!
o bom de tudo isso é saber que é apenas uma fase.
saudades de vc!
um beijo.
até...
Caru
E que seu setembro seja lindo. E leve. Como deve sempre ser.
Beijo, dona Flor!
Postar um comentário