Chegou sonolenta da noite insólita.
Chegou eufórica, cantando desafinada uma coisinha um tanto assim demodê. Penteou-se por horas seguidinhas em frente ao espelho.
Era um cabelinho sujo, ensebadíssimo, de um louro gasto como as putas velhas, ora sim, se era.
E quanto mais penteava o tal, mais ensebado ficava, e assim dessa maneira desse jeitinho era assim tudo juntinho em uníssono. Um deslizar oleoso, retilíneo, louro feio, vagaroso.
E logo ali, na rua em frente, havia cinco mil pássaros cantando de um jeito vermelho.
Havia uma árvore inacreditável, de um verde nunca antes vislumbrado, desses de esverdear o de dentro. Uma coisa.
Havia meninas jeitinho hortelã contando seus causos, e suas meninices e firulas e blá.
E tudo era desembaraçado,
liso,
e no ar havia um jeito escorregadio,
pastoso,
engordurado.
Como o cabelo daquela outra.
Penteadeira
Postado por A Libélula
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1 comentários:
Uma pessoa afasta-se um pouco e dela desata a escrever...
ô lôco
:P
:*
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