A máxima:
"se quiser conhecer o caráter de uma pessoa, dê-lhe poder".
Pois que sim.
Hoje pela manhã, espremida por rolos compressores humanos dentro do ônibus, alguém gritava: "vai descer, vai descer!".
Mas o motô, embriagado pela síndrome do pequeno pudêr, não parou.
Seguiu viagem e a coitada teve que descer um ponto depois, espremida e atrasada.
Fiquei pensando que tá, tudo bem, não deve ser fácil ficar oito horas ali sentado, dirigindo, agüentando todo o tipo de desaforo tanto de alguns passageiros quanto de alguns colegas de tráfego, mas nem isso justifica os minutinhos de crueldade exercidos sobre a menina que pode até ser uma burguesa filha da mãe e do pai cheios da bufunfa (esse termo denuncia a minha idade, oh Chronos!), mas até ela tem o direito de ir e vir, de subir e descer quando precisar ou bem entender.
Eu também tenho vontade de mandar esse bando de gente estúpida voltar pro mar, (volta pro mar, oferenda!) e se virar pra comprar livro ao invés de ficar me enchendo o saco; também fico p da vida quando vou comer no bandeijão porque tô sem grana e vejo aquele bando de playboy na fila e além disso, RECLAMANDO da comida que ainda nem comeram (isso me tira do sério, mesmo).
Mas o que me discerne do bicho é que sou bicho homem, portanto, ainda posso me utilizar de mantras do tipo: DALAI LAMA, DALAI LAMA, DALAI LAMA para manter minha calma e meu equilíbrio intactos - embora nem sempre consiga.
Sei que assim como o motô já devo ter me utilizado do pequeno pudêr (e a tentação é grande) mas eu repenso num átimo de segundo e digo pra mim mesma que não vale a pena, que estou aqui pra trabalhar e que no meio dessa lama toda, tem gente que de fato precisa dos meus serviços, precisa mesmo dos livros porque não tem grana pra comprar e portanto, é a essas pessoas que me rendo.
Não é o trabalho dos meus sonhos, mas ele me sustenta, me permitiu toda a minha formação como atriz e artista, me permite financiar meu apê, meu carro e me dá pequenos prazeres.
E acima de tudo, a máxima lá em cima sempre me visita: caráter, poder.
Pra dormir tranqüila, prefiro abdicar do poderzinho e ter orgulho do meu caráter.
"Pudêr"
Postado por A Libélula
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
só o fato de você abdicar do poder pelo caráter, já te torna uma poderosa :)
texto muito bom.
pudera... nós humanos não termos todo esse "púder". bjos
Um miseera palavra e podemos mudar o rumo da história.
Um ato nosso influi na vida de miutas pessoas...
Um motorista por não parar no ponto atrasa uma pessoa (um enfermeiro, por exemplo.)
que ao chegar atrasado no serviço descobre que um paciente não tomou seu remédio na hora certa e por isso passou mal.
Por ter ficado mais tempo no hospital atrasou-se para seu compromisso.
um encontro com sua namorada, que ficou com muita raiva e terminou o relacionamento, essa querendo esquecer seu amante, resolveu procurar um outro cara para beijar.
Seu desespero a fez beijar um homem casado, sua esposa descobriu e matou-o , deixando a mãe do defunto com a pressão artérial alta...
"Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada" como já dizia o arrogante, porém, inteligente Humberto Gessinger.
é, vc sabe QUE EU TENTO MATAR diariamente esse mosntrinho sedento de poder e crueldade que existe dentro de mim e que provavelmente existe dentro de todos os seres humanos, não é fácil mas é uma conquista diária poder mante-lo quieto ou trancado num quarto escuro...
Postar um comentário