Tropa de Elite e afins.

Adorei o filme.
Muito bem produzido, muito bem dirigido, muito bem escolhido o elenco.
Wagner Moura se consagra no cinema depois do Capitão Nascimento, certamente.
Mas tenho medo do que Tropa de Elite pode causar em nós.
Temo por todos nós, que estamos tão cansados da violência ÓBVIA ULULANTE, da violência armada instaurada no país.
Passamos por um processo catártico portanto, quando Capitão Nascimento vai lá e mete bala "nos cara".
Porque no fundo, instintivamente, é o que gostaríamos de fazer também. Não estou falando de reflexões, de entender o sistema, que sacar que também somos nós que alimentamos essa merda toda. Não. Falo do instinto primeiro, da nossa total e absoluta vontade de agir, de se sentir impotente diante de um ato de violência. Repito: falo da violência que está na cara, que acontece debaixo do nosso nariz.
Aí o Capitão Nascimento vai lá e mete bala. Trata o bandido que nem o bandido trata a gente. Sensação imediata: catarse.
Se a gente não toma cuidado, sai de lá tendo a certeza de que ele é o nosso Jesus Cristo, nosso Tiradentes.
Mas o filme tá criticando essa polícia. Eu penso que é isso. Peloamordedeus, se eu estiver enganada, alguém me ilumine o caminho.
E o Wagner Moura, além de ser um puta ator, tem um carisma inacreditável. Daí pra gente elegê-lo como herói não precisa mais nada.
Aliás, ele já foi eleito. É só pesquisar no Orkut. É só ver a reação das pessoas cantando felizes que tropa de elite também vai pegar você.
Mas, analisando tudo, milimetricamente, eu concordo com o Capítão Nascimento quando ele diz que é insuportável ver passeatas contra violência pelas ruas, feitas por uma classe pequeno burguesa que faz a roda girar.
Eu também sou pequeno burguesa e também estou praticando e alimentando a violência quando fumo um beck, por mais raro que isso seja, e eu não tô me defendendo não.
A gente pratica a violência quando se arma até os dentes.
A gente pratica a violência quando entra num carro blindado. Quando não sai de casa por nada, se trancafia em fortalezas, em condomínios monitorados por trocentas câmeras.
Tá, eu sei. O que se deve fazer então? Como agir? Ficar à mercê de tudo isso?
Qual é a solução?
Não fazer mais manifestações de paz, não fumar mais pra não ter que pensar naquela frase " quantas crianças deverão ser mortas pra que você enrole seu baseado?".
Não sei.
Eu não sei o que fazer, honestamente. Eu estou tentando pensar sobre isso pra ver se chego a alguma conclusão.
Se a gente libera a maconha, o que virá no lugar dela?
Não sou contra a liberação, mas temo.
E o problema não é só a maconha, o buraco é muito mais embaixo.
Como ser revolucionário, se eu sou tão algoz quanto vítima?
Cazuza tem uma obra lindíssima, da qual sou seguidora, mas penso que é muito fácil ser revolucionário sendo sustentado pela elite que ele mesmo condena, se servindo dela, sendo bancado por ela e não abrindo mão dela.
E eu? Também tô sendo sustentada pela elite? Sou um produto dela?
Hoje de manhã ouvi uma entrevista com uma professora da UNB dizendo que o nosso país é o único do mundo que condena a elite e que ela tem que ser valorizada. Que o vestibular é coerente, que ele tem que ser realizado porque há que se ter um padrão.
E que é necessário ter uma elite intelectual que não necessariamente tem a ver com a elite finaceira, muitas vezes é o contrário. Mas que pra isso é necessário dar acessibilidade a todos para que forme essa elite.
Mas de que forma?
Eu sou artista, eu penso que tenho obrigação em contribuir.
Mas eu estou perdida.
Totalmente. E com medo de ter dito um monte de asneiras.

1 comentários:

Irina disse...

como eu já te disse, preciso assitir esse filme porque os meus assuntos com as outras pessoas acabaram! O.o'


Lã, como eu adiciono blogs amigos na minha página?
Rodei rodei rodei nas configurações e ainda não aprendi!...

(loira)

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