Que duas borboletas, uma verde-água e outra rosa-choque pairavam nas redondezas e se enroscavam em cabelos, os mais variados cabelos. E faziam cócegas nos pensamentos e exatamente por isso, as pessoas todas ali sorriam. E andavam leves e saltitavam e as pessoas todas acenavam cordialmente às outras. E à medida que os dias corriam, o aceno virava gracejo: verdinho ou rosa choque, de acordo com a borboleta que lhe cabia. Além de tudo, caso a pessoa pensasse algo vermelho e a borboleta rosa-choque lhe pousasse, por exemplo, haveria então um lilás magnífico lhe saindo das pontas dos dedos.E assim a vila toda transformara-se numa profusão de cores e belezas. Uma espécie de benção de algo que chamamos deus. Uma espécie de redenção. E então o ruflar. Então a desordenação mais magnânima. O frescor do encantamento, o descobrir de sensações, a renovação-mergulho-brilho.
O acontecimento durou aproximadamente quatro dias.
Depois disso, no quinto, por algum motivo que até hoje ninguém compreendeu, as borboletas partiram, deixando o lugar um tanto esmorecido,
cavoucado em terra,
em chão,
em aspereza.
O jornal da cidade deu manchete:
"O vôo das borboletas enterrou a gente".
Das borboletas
Postado por A Libélula
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1 comentários:
Lã, saudades dos seus textos, estarei aqui, sempre. Beijocas
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